Presos No Museu 1ªedição Verónica

Sabias que... "Relembrando os Presos"

Verónica é uma personagem fictícia criada para a narrativa da primeira edição do “Presos no Museu”.

A inspiração para Verónica foi o contrabandista. Um pouco por todo o séc. XX, principalmente na segunda metade, os territórios de fronteira, como é o caso de Almeida, eram locais de intensas trocas comerciais. Com as fronteiras fortemente controladas pelas policias e agentes alfandegários, as populações raianas empobrecidas, arriscavam a sua sorte no contrabando na perspetiva de criar mais riqueza para o seu sustento e das suas famílias.

Artigos alimentares eram dos bens mais contrabandeados entre Portugal e Espanha nessa altura, sendo que esta ainda é uma memória de um passado recente da nossa História de Almeida.

Assim sendo, Verónica era uma contrabandista de café que precisava de ajuda para resolver o desfio que tinha pela frente… Quem ainda se lembra do seu desafio?

CARCEREIRO: “Nesta cela encontra-se Verônica, mulher do povo, vítima das vicissitudes da vida e da injustiça que há no mundo! Segundo ela prenderem-na aqui por uma coisa de nada!”

VERÓNICA: “No dia 15 de dezembro de 1977, já nem vivalma havia nas ruas, ele e outras encontraram-se como era já hábito na casa da Florinda Ratona para passarem a carga de café. O carrego ia ser maior que o do costume, no entanto um “assoprão” trocou-lhes as voltas naquela noite. Estava um cinzelo daqueles de arrepiar os pelos das ventas. Já tinham o café colado ao corpo, tinha de chegar seguro à padaria de Aldeia del Obispo.”

“Florinda, a mestre das candongueiras do café, sabia sempre de antemão os turnos dos carabineiros, a que horas largavam a que horas trocavam os turnos, porque boa parte das mulheres da sua família do lado da sua mãe, suas primas direitas, eram casadas ou andavam em namoro com esses “fachos” … e por isso sabiam de antemão as manhas todas. Mas um “assoprão” talvez tenha ouvido os combinanços das três, mal chegaram perto do ribeiro… só deram conta quando soou no ar um estrondo de um tiro de fusca, cada uma fugiu para seu lado, ela coitada, teve pouca sorte, foi dar mesmo com as fuças naquele malvado com a carga do café toda junto ao corpo, não teve forças para fugir e… aqui veio parar… desgraçadamente!!!”

#municipioalmeida